segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

DISSERTAÇÕES ESPIRITAS.


A nova torre de Babel.
(Sociedade de Paris. - 6 de fevereiro de 1863. - Médium, senhora Costel.)

O Espiritismo é o Cristianismo da idade moderna; ele deve restituir às tradições seu sentido espiritualista. Outrora, o Espírito se fez carne; hoje, a carne se faz Espírito para desenvolver a idéia gigantesca que deve renovar a face do mundo. Mas à festa da criação espírita sucederão a perturbação e o orgulho dos sistemas diversos, que, desprezando os sábios ensinamentos, planejarão uma nova torre de Babel, obra de confusão, logo reduzida a nada, porque as obras do passado são a garantia do futuro, e nada se dissipa do tesouro da experiência amontoado pelos séculos. Espíritas, formai uma tribo intelectual; segui vossos guias mais documente do que não fizeram os Hebreus; viemos também vos livrar do jugo dos Filisteus, e vos conduzir para a Terra Prometida. Às trevas das primeiras idades sucederá a aurora, e ficareis maravilhados de compreender a lenta reflexão das idades anteriores sobre o presente. As lendas reviverão energicamente como a realidade, e adquirireis a prova da admirável unidade, garantia da aliança contratada por Deus com suas criaturas.

SÃO LUÍS

O verdadeiro Espírito das tradições
(Sétif, Argélia, 15 de outubro de 1863.)

Abri as Escrituras sagradas, e nela encontrareis, a cada página, predições ou alegorias incompreensíveis para quem não está ao corrente das revelações novas, e que, para a maioria, foi interpretada pelos seus comentaristas de maneira conforme à sua opinião e, muito freqüentemente, ao seu interesse. Mas tomando por guia a ciência que começastes a adquirir, sabereis descobrir facilmente o sentido oculto que elas encerram. Os antigos profetas eram todos inspirados por Espíritos elevados que não lhes davam, em suas revelações, senão ensinamentos de natureza a serem compreendidos pelas inteligências de elite e cujo senso não estivesse em oposição muito patente com o estado dos conhecimentos e dos preconceitos daqueles tempos. Seria preciso que fosse possível interpretá-los de maneira apropriada à inteligência das massas, para que estas não os rejeitassem, como não teriam deixado de fazê-lo, se essas predições estivessem em oposição muito formal com as idéias gerais.

Hoje nosso cuidado deve ser o de vos esclarecer completamente, e, ao mesmo tempo, de vos fazer compreender a aproximação que existe entre a nossa revelação e a dos antigos. Temos uma outra tarefa a cumprir, é a de combater a mentira, a hipocrisia e o erro, tarefa muito difícil e muito árdua, mas da qual chegaremos ao fim, porque tal é a vontade de Deus. Tende fé e coragem; Deus não encontra jamais obstáculo irresistível à sua vontade. Os meios imprevistos serão empregados por suas ordens para vencer o gênio do mal personificado agora por aqueles que deveriam caminhar à frente do progresso, e propagar a verdade em lugar de pôr-lhe entraves por orgulho ou por interesse. É preciso, pois, anunciar por toda a parte com confiança e segurança o fim próximo da escravidão, da injustiça e da mentira; digo o fim próximo, porque os acontecimentos, se bem que devendo se cumprir com a sábia lentidão que a Providência põe em suas reformas, para evitar as infelicidades inseparáveis de uma grande precipitação, terão seu
curso num espaço de tempo mais próximo do que não o esperam aqueles que se assustam com os obstáculos que prevêem, e que não o esperam também aqueles que, por medo ou por egoísmo, estão interessados na manutenção indefinida do estado das coisas.

Sede, pois, ardentes na propaganda, mas prudentes à frente de vossos ouvintes, para não assustar as consciências tímidas e ignorantes; só os egoístas não exigem nenhuma reserva, e não devem vos inspirar nenhum medo. Tendes a ajuda de Deus, sua resistência será impotente contra vós; é preciso mostrar-lhes, sem equívoco, o futuro terrível que os espera, por causa deles mesmos, e por causa daqueles que se deixaram perverter por seu exemplo, porque cada um é responsável pelo mal que faz, e daquele do qual é causa.

SANTO AGOSTINHO.
Revista Espírita, novembro de 1863 , Allan kardec

domingo, 16 de novembro de 2008

PALAVRAS

Redação do Momento Espírita
http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=1695&let=P&stat=0
Quantas vezes, ao longo da vida, observamos as bênçãos e os estragos causados por uma palavra.
Palavras o vento leva - diz o provérbio popular.Mas nem sempre é assim.
Há palavras que dificilmente conseguimos esquecer.
Muitas vezes, as palavras transmitem a gratidão de que está plena nossa alma.
Então, elas tomam a forma de doces expressões.
Em outras ocasiões, elas servem para demonstrar o desgosto que nutrimos.
Tornam-se amargas como o fel.
Há momentos em que as palavras são encorajadoras, leves, repletas de luz.
São a manifestação da amizade e do amor.
Em outros momentos, elas são como ácido: agridem os que as ouvem.
São tristes e dolorosas. Nesse instante, são as condutoras do desencanto e da infelicidade.
Sobre a natureza das palavras há uma reflexão a fazer: elas são a expressão daquilo que carregamos na alma.
Foi o próprio Jesus quem advertiu: Os lábios falam daquilo que está cheio o coração.
Que grande verdade!As palavras apenas traduzem o que ocorre dentro de nós.
Se acalentamos mágoa, desejo de vingança, revolta, ódio e dor, nossos lábios se abrirão para deixar sair uma torrente de palavras rudes.
E quem nos ouvir entenderá que trazemos o coração obscurecido por sentimentos doentios.
Haverá, inclusive, quem passe a nos evitar, a fim de não ter contato com essa descarga de mau humor ou de depressão.
Por outro lado, se nos expressamos mediante palavras de engrandecimento, bem-estar, alegria e paz, nossa boca se tornará instrumento da esperança e da fraternidade.
E quem nos ouvir deduzirá que trazemos a alma clara, iluminada por sentimentos saudáveis.
Haverá até quem nos procure, para ter contato com a torrente de otimismo e serenidade (*) que deixamos escapar dos lábios.
É bem verdade que passamos a maior parte do tempo alternando entre momentos risonhos e os de raiva ou tristeza.
Por isso, o nosso desafio diário é tornar cada vez mais freqüentes os estados de ânimo felizes.
Nossa tarefa é nos educar para que nossos lábios sejam instrumentos do bem que habita em nós.
É essencial moderar a língua, medir as palavras, pensar antes de falar.
Melhor ainda: é imprescindível educar os sentimentos, disciplinar a mente, ser firme no combate ao desejo por reclamações, fofocas e comentários ferinos.
Somos Espíritos imortais, responsáveis pelo impacto de nossas palavras, pensamentos e atitudes.
Responderemos a Deus e à nossa consciência, por todas as palavras ferinas que dirigirmos aos outros.
Sim, pois as palavras têm força e podem causar tremendos impactos sobre a vida alheia.
Que este impacto seja, então, positivo.
Que cada uma de nossas palavras seja de estímulo, amizade, fraternidade, pacificação.
Mesmo quando discordarmos, sejamos moderados, prudentes e bondosos.
Não esqueçamos: sempre há um sabor para pôr nas palavras: a doçura do mel ou o amargor do fel.
A escolha é inteiramente de cada um.

Redação do Momento Espírita
Em 07.12.2007.www.momento.com.br

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A CRIANÇA E O SEGREDO

Num bonde de Botafogo, Rio de Janeiro, conversam uma jovem senhora, mãe de uma menininha que a acompanha, e sua amiga.
As duas vão falando animadamente sobre assuntos diversos, e no meio delas, a criança se sente um tanto desnorteada.
Volta a cabeça de um lado para outro, ao mesmo tempo que sublinha cada frase com uma expressão de inteligência ou incompreensão.
Quando o assunto está em plena efervescência, a criança intervém com um aparte.
E daí em diante a conversa, passando de um lado para o outro, inevitavelmente pára, a uma objeção da pequena interlocutora.
A certa altura da conversa, a mamãe começa a ficar um tanto inquieta em relação às observações da menina.
Mais adiante, já aponta para a paisagem, a ver se ela se distrai. Mas a menina está muito interessada no assunto, e a amiga da mãe parece estar muito satisfeita com isso.
O bonde anda mais um pouco, enquanto a criança faz seu comentário pertinente.
Então, a mamãe sorri para a amiga, como quem diz: "Você sabe, é preciso calar a boca desta tagarela"...; e pondo a mão em concha no ouvido da menina, diz qualquer coisa para a amiga, acompanhada de um olhar muito confidencial.
Como é? - a menina não entendeu bem.
E torna a mãe a repetir o segredinho, enquanto a mão enluvada diz que não, com o indicador autoritário e irritado.
Como conclusão do armistício, um beijinho rápido e inesperado nos caracoizinhos dourados enrolados na testa.
A amiga sorri, a mamãe sorri, e a menina olha para uma e para outra, meio desconfiada e desapontada, sem dizer mais nada.
A criança pode ter uns cinco anos.
Quando tiver mais dez a mamãe um dia lhe perguntará, entristecida: Mas, minha filha, que segredo é esse que você me esconde?Já não se lembrará que ela mesma lhe ensinou a calar...
Que dividiu a vida em duas partes: uma que se pode, outra que não se pode mostrar.
E a menina, que antigamente assistia aos exemplos de casa, está praticando, agora, aqueles exemplos...
Quem nos traz tais preocupações com a educação infantil é a ilustre poetisa brasileira, Cecília Meireles, em uma de suas muitas crônicas sobre educação.
A autora é muito feliz em apontar um costume muito comum nas famílias, e que gera conseqüências desastrosas, em muitas ocasiões.
Por vezes, sem perceber, pais e educadores ensinam os filhos a calar, a esconder sentimentos e a mentir.
Seus exemplos ensinam sempre mais do que qualquer retórica inflamada.
As crianças fitam a conduta dos pais, e se inspiram nela, já que são sempre seu primeiro e maior referencial.
Precisamos redobrar o cuidado, e manter com os filhos, desde tenra idade, uma relação franca, sem segredos e sem mistérios.
Explicar sempre a razão dos não e dos sim, que serão freqüentes e naturais, faz-se condição indispensável para construir uma boa relação de respeito e amizade.
O caminho do porque sim e pronto, ou do porque não e chega, é mais cômodo para os educadores, porém, é perda de oportunidade de educar com profundidade.
Cultivar o diálogo aberto e franco sempre, é cultivar o amor em sua expressão mais bela e luminosa.

Equipe de Redação do Momento Espírita com base no cap. A criança e o segredo, do livro Crônicas de educação, de Cecília Meireles, ed. Nova fronteira.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Vítimas do Hábito



Texto da Equipe de Redação do Momento Espíritawww.momento.com.br


Existem pessoas que encontram muita dificuldade em fazer pequenas mudanças em seus hábitos.

Pessoas que têm suas coisas bem arrumadas e nos lugares certos, sempre na mesma posição e, de preferência, na mesma ordem.

Seguem sempre pelos mesmos caminhos, freqüentam os mesmos restaurantes e pedem os pratos já conhecidos.

Encontram sempre os mesmos amigos, torcedores do mesmo time, e conversam com os que trabalham em profissões semelhantes.

Geralmente ouvem a mesma rádio, assistem os mesmos canais de televisão, e variam pouco a programação.

De certa forma, isso as faz sentirem-se seguras. Arriscar não é do seu feitio.

Por outro lado, pessoas assim acabam sendo vítimas do hábito e têm grande dificuldade para resolver problemas. A menos que sejam problemas já conhecidos.

Isso gera ansiedade, depressão e baixa auto-estima quando precisam encontrar solução para situações inesperadas e sua criatividade é solicitada Ah, se esses adultos pudessem se ver quando tinham a desenvoltura dos seus 5 ou 6 anos de idade...

Era uma idade em que a criatividade brotava por todos os poros.

Não faltava solução para problema algum. Não havia perigo que não fosse afastado com um disparo de água, com seu revólver de brinquedo.

Não havia guerra que não pudesse ser vencida com algumas bolinhas de papel, arremessadas com um elástico esticado na ponta dos dedos.

Agora são executivos, homens e mulheres de negócio...

Pessoas que precisam mostrar seriedade.

Todavia, esquecem-se de que seriedade não quer dizer sisudez nem falta de um sorriso nos lábios.

Essas reflexões nos fazem lembrar um garoto de setenta e poucos anos, homem público, respeitável profissional reconhecido no mundo inteiro, que se diverte brincando com um bilboquê, ou andando de balanço.

Podemos até imaginar a felicidade dos seus netos ao ver o avô brincando como um garoto...
Esse homem é um ilustre professor, psiquiatra, educador e escritor brasileiro.

Ninguém imagina que um homem desses não seja um profissional sério só porque não assassinou o menino que corria pelos quintais, fazia piruetas e despencava dos galhos das árvores de vez em quando.

Não podemos crer que esse profissional seja menos competente só porque todas as vezes que se sente inseguro, chama o menino que habita seu ser, e este vem e lhe dá a mão.

Podemos imaginar justamente o contrário: uma grande capacidade de resolver conflitos e problemas.

Uma pessoa assim tem grande criatividade, leveza e satisfação em tudo o que faz.

Seus escritos exalam um suave perfume de jardim em flor. Suas idéias fluem com a suavidade da brisa das manhãs primaveris.

É de pessoas assim que o mundo precisa.

Homens e mulheres confiantes, alegres, honestos, descomplicados, leves...

* * *

A seriedade é uma característica do espírito. Um sorriso não a destrói. Um rosto fechado não a garante.

Pense nisso, e considere que a criança que habita em você pode lhe ajudar a encontrar a felicidade que há muito você vem procurando.

Não Abandone nem maltrate!!!!



A LÓGICA

Emmanuel

Quando o homem acende a luz da boa vontade no próprio coração, procura trabalhar incessantemente.

Quando trabalha, adquire conhecimento.

Quando conhece, amplia a visão espiritual.

Quando vê claramente, entra na posse da grande compreensão.

Quando compreende, aprende a sair de si próprio, abandonando a concha escura do egoísmo.

Quando abandona o antigo círculo da personalidade, encontra a alegria de ser útil.

Quando auxilia realmente, empreende em si mesmo a construção da verdadeira fraternidade.

Quando se sente o irmão do próximo e companheiro dos seus vizinhos, descobre no próprio coração o tesouro do amor.

Quando ama, sabe renunciar às antigas ilusões que o prendem às sombras.

Quando entra na posse da luz no santuário do sentimento, entrega-se ao sacrifício da própria existência, a favor de todos.

Abrir o coração e estender os braços, fraternalmente, para a vida e para a Natureza, servindo constantemente.

Esse é o nosso primeiro passo na aquisição do título de filhos da luz, segundo Jesus Cristo.

Do livro: Agenda Cristã - Psicografia: Francisco Cândido Xavier

domingo, 31 de agosto de 2008

Em oração

Na véspera da partida do Senhor, no rumo de Sídon, o culto do Evangelho, na residência
de Pedro, revestiu-se de justificável melancolia. As atividades do estudo edificante prosseguiriam,mas o trabalho da revelação, de algum modo, experimentaria interrupção natural.

A leitura de comoventes páginas de Isaías foi levada a efeito por Mateus, com visível
emotividade; entretanto, nessa noite de despedidas ninguém formulou qualquer indagação.
Intraduzível expectativa pairava no semblante de todos.

O Mestre, por si, absteve-se de qualquer comentário, mas, ao término da reunião, levantou
os olhos lúcidos para o Céu e suplicou fervorosamente:

— Pai, acende a Tua Divina Luz em torno de todos aqueles que Te olvidaram a bênção,
nas sombras da caminhada terrestre.

Ampara os que se esqueceram de repartir o pão que lhes sobra na mesa farta.

Ajuda aos que não se envergonham de ostentar felicidade, ao lado da miséria e do infortúnio.

Socorre os que se não lembram de agradecer aos benfeitores.

Compadece-te daqueles que dormiram nos pesadelos do vício, transmitindo herança dolorosaaos que iniciam a jornada humana.

Levanta os que olvidaram a obrigação de serviço ao próximo.

Apiada-te do sábio que ocultou a inteligência entre as quatro paredes do paraíso doméstico.

Desperta os que sonham com o domínio do mundo, desconhecendo que a existência na carne é simples minuto entre o berço e o túmulo, à frente da Eternidade.

Ergue os que caíram vencidos pelo excesso de conforto material.

Corrige os que espalharam a tristeza e o pessimismo entre os semelhantes.

Perdoa aos que recusaram a oportunidade de pacificação e marcham disseminando a revolta e a indisciplina.

Intervém a favor de todos os que se acreditam detentores de fantasioso poder e supõem loucamente absorver-te o juízo, condenando os próprios irmãos.

Acorda as almas distraídas que envenenam o caminho dos outros com a agressão espiritual dos gestos intempestivos.

Estende paternas mãos a todos os que olvidaram a sentença de morte renovadora da vida que a tua lei lhes gravou no corpo precário.

Esclarece os que se perderam nas trevas do ódio e da vingança, da ambição transviada e da impiedade fria, que se acreditam poderosos e livres, quando não passam de escravos, dignos de compaixão, diante de teus sublimes desígnios.

Eles todos, Pai, são delinqüentes que escapam aos tribunais da Terra, mas estão assinalados por Tua Justiça Soberana e Perfeita, por delitos de esquecimento, perante o Infinito Bem...

A essa altura, interrompeu-se a rogativa singular.

Quase todos os presentes, inclusive o próprio Mestre, mostravam lágrimas nos olhos e,
no alto, a Lua radiosa, em plenilúnio divino, fazendo incidir seus raios sobre a modesta vivenda
de Simão, parecia clamar sem palavras que muitos homens poderiam viver esquecidos do Supremo Senhor; entretanto, o Pai de Infinita Bondade e de Perfeita Justiça, amoroso e reto, continuaria velando...

Jesus no Lar, Francisco Cândido Xavier por Neio Lúcio

terça-feira, 22 de julho de 2008

Polêmica espírita

Revista Espírita, novembro de 1858

Várias vezes perguntaram-nos por que não respondemos, em nosso jornal, aos ataques de certas folhas dirigidos contra o Espiritismo em geral, contra seus partidários, e, algumas vezes mesmo, contra nós. Cremos que, em certos casos, o silêncio é a melhor resposta. Aliás, há um gênero de polêmica do qual fizemos uma lei nos abstermos, e é aquela que pode degenerar em personalismo; não somente ela nos repugna, mas nos toma um tempo que podemos empregar mais utilmente, e seria muito mais interessante para nossos leitores, que assinam para se instruírem, e não para ouvirem diatribes, mais ou menos espirituais; ora, uma vez iniciados nesse caminho, seria difícil dele sair, por isso preferimos não entrar e pensamos que o Espiritismo, com isso, não pode senão ganhar em dignidade. Não temos, até o presente, senão que nos aplaudir por nossa moderação; dela não nos desviaremos, e não daremos jamais satisfação aos amadores de escândalo.
Mas, há polêmica e polêmica; e há uma diante da qual não recuaremos jamais, que é a discussão séria dos princípios que professamos. Entretanto, aqui mesmo há uma distinção a fazer; se não se trata senão de ataques gerais, dirigidos contra a Doutrina, sem outro fim determinado que o de criticar, e da parte de pessoas que têm um propósito de rejeitar tudo o que não compreendem, isso não merece que deles se ocupe; o terreno que o Espiritismo ganha, cada dia, é uma resposta suficientemente peremptória, e que deve provar-lhes que seus sarcasmos não produziram grande efeito; também notamos que a seqüência ininterrupta de gracejos, dos quais os partidários da Doutrina eram objeto recentemente, se apaga pouco a pouco; pergunta-se, quando se vêem tantas pessoas eminentes adotarem essas idéias novas, se há do que se rir; alguns não riem senão com desprezo e por hábito, muitos outros não riem mais de tudo e esperam.
Notamos ainda que, entre os críticos, há muitas pessoas que falam sem conhecer a coisa, sem terem se dado ao trabalho de aprofundá-la; para responder-lhes seria preciso, sem cessar, recomeçar as explicações mais elementares, e repetir o que escrevemos, coisa que cremos inútil. Não ocorre o mesmo com aqueles que estudaram, e que não compreenderam tudo, aqueles que querem seriamente se esclarecer, que levantam as objeções com conhecimento de causa e de boa fé; sobre esse terreno aceitamos a controvérsia, sem nos gabar de resolvermos todas as dificuldades, o que seria muita presunção. A ciência espírita está no seu início, e ainda não nos disse todos os seus segredos, por maravilhas que nos haja revelado. Qual é a ciência que não tem ainda fatos misteriosos e inexplicados?
Confessaremos, pois, sem nos envergonharmos, nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Assim, longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos, contanto que não sejam ociosas e nos façam perder nosso tempo em futilidades, porque é um meio de se esclarecer. Aí está o que chamamos uma polêmica útil, e o será sempre quando ocorrer entre duas pessoas sérias, que se respeitarem bastante para não se afastarem das conveniências. Pode-se pensar diferentemente, e, com isso, não se estimar menos. Que procuramos nós todos, em definitivo, nessa questão tão palpitante e tão fecunda do Espiritismo? Esclarecer-nos; nós, primeiramente, procuramos a luz, de qualquer parte que ela venha, e, se emitimos a nossa maneira de ver, isso não é senão uma opinião individual que não pretendemos impor a ninguém; nós a entregamos à discussão, e estamos prontos para renunciá-la, se nos for demonstrado que estamos em erro. Essa polêmica, nós a fazemos todos os dias em nossa Revista, pelas respostas ou refutações coletivas que tivemos ocasião de fazer a propósito de tal ou tal artigo, e aqueles que nos dão a honra de nos escreverem, ali encontram sempre a resposta ao que nos perguntam, quando não nos é possível dá-la individualmente por escrito, o que o tempo material nem sempre nos permite. Suas perguntas e suas objeções são igualmente assuntos de estudos, que aproveitamos para nós mesmos, e os quais ficamos felizes em fazer nossos leitores aproveitarem, tratando-os à medida que as circunstâncias trazem os fatos que possam ter relação com eles. Igualmente nos alegramos em dar verbalmente explicações que podem nos ser pedidas pelas pessoas que nos honram com a sua visita, e nessas conferências, marcadas por uma benevolência recíproca, nos esclarecemos mutuamente.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

A paixão... ah... a paixão....

- A paixão, meu amigo, é uma febre efêmera resultado de uma reação bioquímica, que como qualquer outra reação é temporária. É uma emoção anfetamínica. Em linguagem mais psicológica, podemos dizer que é um fenômeno de projeção onde nos apaixonamos por nossa contraparte idealizada na outra pessoa. É tão só um deslumbramento passageiro. Eu já superei tais infantilidades psicológicas. Apaixonar-se na origem da palavra grega significa estar submetido a algo ou a alguém de maneira que não somos mais senhores de nós mesmos. Deus me livre de tão triste situação! Sou livre e por isso não preciso me apaixonar, só o amor é verdadeiro, a paixão é uma ilusão que deve ser vencida. Os especialistas já dizem que a paixão é passageira e que não tarda mais que dois ou três anos para cessar por completo, por que perder tempo com tal coisa?

Que saco! Sempre escuto algumas pessoas falarem assim. Na verdade eu nunca acreditei tanto nessas palavras, parece que estou lendo um dicionário ou um manual de patologias psíquicas para falar de um fenômeno de natureza tão oposta. É como colocar um narrador de futebol para traduzir uma sinfonia de Mozart.

Sempre me intrigou o fato de que se o princípio que rege as paixões é falso, por que então ele existe na natureza? Por que permite Deus que nos apaixonemos? Allan Kardec não deixou isso passar despercebido e mais uma vez me surpreendeu. O Espiritismo, quando o conheci, que se me desvendava uma Doutrina tão racional, em minha expectativa teria uma opinião próxima a do primeiro parágrafo, mas vejamos o que Kardec pergunta e qual a resposta dos Espíritos em O Livro dos Espíritos:

907. Será substancialmente mau o princípio originário das paixões, embora esteja na Natureza?
“Não; a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. O abuso que delas se faz é que causa o mal.”

Que maravilha de resposta! O princípio que origina as paixões foi colocado em nós para o bem. Não é apenas uma trama cruel de nossos genes ou uma armadilha psicológica. É bem verdade que a paixão, assim como todos os sentimentos, tem uma fundamentação biológica. O corpo humano é um complexo concebido para manifestar as possibilidades do ser espiritual, assim como responde ao comando mecânico de nossa vontade, é preparado para responder emocionalmente de forma que os hormônios desencadeiam uma série de reações que conhecemos muito bem quando estamos com raiva, ou quando estamos apaixonados.Também é verdade dizer que ao nos apaixonarmos projetamos nossas necessidades e expectativas no outro, de forma que o outro se torna a ilusão do que sonhávamos para atender nossas necessidades e caprichos. Mas a paixão só é destruidora para as almas inferiores porque as pessoas desequilibradas não conseguem ter domínio sobre a paixão e usufruir dela moderadamente. A paixão, assim como qualquer outra coisa, torna-se-lhes um fator de desequilíbrio.

908. Como se poderá determinar o limite onde as paixões deixam de ser boas para se tornarem más?
“As paixões são como um corcel, que só tem utilidade quando governado e que se torna perigoso desde que passe a governar. Uma paixão se torna perigosa a partir do momento em que deixais de poder governá-la e que dá em resultado um prejuízo qualquer para vós mesmos, ou para outrem”

Diria que o desequilíbrio é uma criação do nosso ego e não está necessariamente no princípio que gera a paixão. A paixão é em princípio o deslumbramento, o interesse, o fascínio e a admiração. É uma sensação de sentir que algo ou alguém é especial e que há uma magia em torno deste algo ou alguém e esta magia nos mantém cativados e ligados a este ser ou objeto. Está relacionada com uma sensação de incompletude que impulsiona a humanidade ao progresso, se o ser humano fosse completo e acabado ele não se apaixonaria por nada. É a incompletude que o faz buscar algo e/ou alguém que lhe dê alguma compensação emocional. É por isso que dizem os Espíritos que o princípio das paixões foi colocado no homem para o seu bem e a paixão o tem feito realizar grandes coisas em benefício do seu progresso:

As paixões são alavancas que decuplicam as forças do homem e o auxiliam na execução dos desígnios da Providência. Mas, se, em vez de as dirigir, deixa que elas o dirijam, cai o homem nos excessos e a própria força que, manejada pelas suas mãos, poderia produzir o bem, contra ele se volta e o esmaga.

Todas as paixões têm seu princípio num sentimento, ou numa necessidade natural. O princípio das paixões não é, assim, um mal, pois que assenta numa das condições providenciais da nossa existência. A paixão propriamente dita é a exageração de uma necessidade ou de um sentimento. Está no excesso e não na causa e este excesso se torna um mal, quando tem como conseqüência um mal qualquer.

O que combatem os Espíritos é a situação em que a paixão fortalece nossa natureza animal e nos distancia da natureza espiritual. Quando a paixão é direcionada para um ideal nobre, para uma grande realização, ela é sempre positiva, o problema é que ela tem sido usada apenas para a realização de nossos interesses mesquinhos e egoístas.

Mas estamos no dia dos namorados, o que você leitor quer saber é se essa paixão dos namorados é boa ou ruim, verdadeira ou falsa; se devemos ou não nos deixar levar por ela ou fazer como anuncia o primeiro parágrafo. Eu respondo. Ela é falsa, mas se deixe levar por ela mesmo assim. Aliás, de certa forma, tudo aqui é falso meu amigo! O que você acha que é real? Todo mundo sabe que a paixão passa um dia e que, sobre a pessoa por quem nos apaixonamos, projetamos nossas ilusões e é muito provável que o outro não corresponda plenamente a essas expectativas causando-nos desilusão.

As ilusões existem por uma razão. Elas não estão aí apenas para nos despistar. A ilusão é um esboço mal feito da realidade porque não conseguimos ainda enxergar a realidade. Ainda somos seres inferiores e incompletos, não podemos compreender plenamente a vida em sua essência espiritual mais pura. A matéria exerce um papel fundamental em nossa caminhada evolutiva, permitindo que gradualmente conheçamos as verdades espirituais. Se não fossem as ilusões não descobriríamos a realidade. Como distinguir as coisas sem contrastes? O que é a ilusão se não o contraste que nos permite distinguir a realidade? Exemplificando, é como se eu lhe mostrasse a foto de uma amiga minha, você fará uma idéia de como ela é melhor do que outra pessoa a quem eu apenas a descrevi com palavras, mas só eu sei de fato como ela é porque eu a conheço pessoalmente. Se eu te peço pra buscá-la no aeroporto, provavelmente você a encontraria mais rápido do que alguém que não viu a foto. Assim, apesar da imagem da foto não ser a realidade, ela foi útil e te ajudou a conhecer a realidade e encontrar minha amiga mais facilmente. Você pode até se decepcionar e achar que ela era mais bonita na foto, pode até nem querer encontrá-la com medo que isso aconteça e permanecer apaixonado pela foto, isso sim seria uma distorção e uma fuga da realidade. Há pessoas que preferem viver sempre apaixonadas e fogem de um relacionamento sempre que se deparam com a realidade, são ainda imaturas espiritualmente e não entenderam ainda a finalidade das ilusões.

Vivemos em um mundo de ilusões, temos uma imagem ilusória de quem somos e uma imagem ainda mais ilusória de quem é o outro, mas se não nos interessarmos por essas ilusões, como descobriremos um dia a verdade? Se a vida é uma ilusão devo por isso perder meu interesse pela vida? A ilusão, meus amigos, é só uma das facetas da realidade porque no universo só existe a realidade e se criamos ilusões, de alguma forma elas são reais e necessárias porque nós as criamos.

A paixão se metamorfoseará em amor quando existir uma relação equilibrada, a paixão sonha em transformar-se em amor, porque é o amor que dá sentido à vida e é a razão e o alimento da própria vida. Assim não há problema se você se apaixona pela bela moça desconhecida. Não precisa se sentir inferior ou culpado por apaixonar-se por alguém que nem conhece direito. Se você conhecesse direito não se apaixonaria mesmo, porque quando conhecemos bem alguém já não há espaço para nos iludirmos. Mas lembre-se do que dizem os Espíritos, devemos manter controle sobre a paixão para que ela não nos domine e dê vazão às nossas psicoses, neste caso ela se tornará patológica, é o caso dos que se apaixonam todos os dias por uma pessoa diferente ou que perdem os limites da razão, da civilidade e até da legalidade para submeter o outro às suas fantasias.
A atração física é um processo natural e biológico. Não é pecado. Se você não sente nenhuma atração física pelo sexo oposto isto pode ser patológico, você pode está sob algum recalque ou repressão psicológica causada por algum trauma ou desilusão passada, algum abuso ao qual foi submetido (a), ou talvez tenha algum problema hormonal que comprometeu suas funções biológicas, é bom procurar um especialista. A maioria das vezes que um homem se aproxima de uma mulher, e vice versa, isso ocorre por um interesse físico, mas nos dias atuais isso não garante que o outro fique ao seu lado. A maioria dos religiosos se sentem culpados por sentirem atração física por outra pessoa e vivem lutando contra isso. O desejo reprimido se torna patológico e pode virar distúrbio no futuro. O ideal é encarar o processo com naturalidade. Se sentimos atração, ótimo!, isso quer dizer que estamos vivos e saudáveis, o que faremos com isso, é uma questão de princípios. Para as pessoas mais vividas basta uma primeira conversa para saber se a moça ou rapaz são apenas uma carinha bonita ou se tem algum tutano.

Outro fato interessante é que depois de viver muitas paixões e descobrir que beleza física, caráter e inteligência dificilmente andam as três juntas, as pessoas descobrem que mais vale abdicar de certos padrões rígidos de beleza e privilegiar o caráter e inteligência, isso, claro, se se tratar de uma pessoa de bom caráter e com um mínimo de inteligência. Até porque a beleza é corroída pelo tempo enquanto as outras características se fortalecem com ele. Você quer saber se está escolhendo a pessoa certa? Imagine-se velho ao lado desta pessoa, sem beleza e sem glamour e pergunte-se se você suportaria estar ao lado dela assim mesmo. Se a resposta for não, então pule fora! É interessante também que nos deixamos seduzir porque o outro alimenta nossas expectativas e ilusões. Sobre este aspecto, outra coisa que aprendemos com o tempo é a não nos iludirmos com palavras bonitas e juras de amor eterno e estar mais atento para as atitudes do ou da pretendente. Não é um bom sinal quando as atitudes contrariam o que dizem as palavras.

Eu queria propor uma reflexão aos defensores das máximas do primeiro parágrafo. Apenas quero refletir sobre o motivo real que os levaram a pensar assim. Muitos dos que dizem evitar ou fugir das paixões no fundo fogem da vida e de vivenciar emoções sobre as quais não tem controle. São medrosos e tem baixa estima e baixa tolerância a frustração e aí ficam com esse discurso intelectualoide, fingindo ser inabaláveis e estarem acima da carne seca.
Acham que por evitarem as paixões evitarão também frustrações e sofrimentos. Vivem uma vida insípida e sem graça, eles não desistiram apenas de se apaixonar por alguém, mas desistiram de se apaixonar pela vida. Depois de quebrar a cara algumas vezes as pessoas geralmente endurecem seus corações e dizem que não vão mais se apaixonar, mas basta assistir uma comediazinha romântica para ficar dando suspiros e escondendo as lágrimas. Todos sonhamos com um final feliz! Destes bem caretas e previsíveis.Afinal, existe coisa menos original que a paixão? Sim, é sempre a mesma estória que se repete, não é nada original, ela parece brega e superada, ela inspira canções e histórias que parecem todas iguais e que no final acabam com um casal apaixonado que viveu feliz para sempre, e apesar de brega e pouco original, nada consegue se manter na moda por tanto tempo. A indústria cinematográfica e a mídia exploram essa nossa necessidade para vender seus produtos. Lembre, a paixão existe por nossa incompletude, por nosso anseio de progresso que nos leva a buscar uma simetria que ainda não existe no campo do nosso sentimento. O sonho de nos completarmos projeta-se no mundo e nas pessoas fazendo-nos apaixonarmos, desistir de se apaixonar é desistir de progredir é desistir de sonhar.

Outro fator fundamental para a nossa saúde psíquica é que precisamos viver emoções. Como diz Roberto Carlos: “se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”, me desculpem se estou ficando meio brega, mas se estou falando de paixão tenho licença para sê-lo. Viver é aprender com as emoções. Afinal, o que todos queremos é ser felizes e felicidade é um sentimento, como você vai aprender a “se sentir feliz” se você se priva de sentir qualquer coisa. As pessoas frustradas ficam congeladas emocionalmente, tornam-se loucas ou psicopatas. Quando nos permitimos viver uma paixão estamos nos permitindo sonhar e o sonho não te dá garantias de que se realizará, o sonho só te dá esperanças. Temos medo de ter esperanças e nos decepcionarmos e assim preferimos ser pessimistas e dizer: “eu não preciso de sonhos e ilusões”.
Admiro, sobretudo, as pessoas mais experientes que apesar de terem passado por muitas desilusões amorosas são capazes de se apaixonar novamente. Não inexperientemente como na adolescência, mas sem perder a magia e a esperança. Eu mesmo sou um grande apaixonado. Enquanto escrevo estas palavras toca aqui o CD do espanhol Luis Miguel, romantíssimo! E é claro que também tenho uma musa inspiradora para escrever assim sobre a paixão. Como eu poderia escrever assim se não fosse um apaixonado? Sou do tipo que ainda manda flores e que já varou noites escutando músicas românticas, mas que no outro dia está de pé com os pés no chão sem perder o senso prático da vida. Mas antes de tudo sou um apaixonado pela vida e me divirto com cada desilusão como se assistisse uma virgem que despe cada um dos seus véus em uma dança sensual. As ilusões são véus que tornam a verdade mais sensual e misteriosa.

Breno Henrique de Sousa, 12 de junho de 2008
Membro da Federação Espírita Paraibana e do Núcleo Espírita Eurípedes Barsanulfo.

domingo, 13 de abril de 2008

O amor


Quem somos nós para dizer a maneira correta de amar? O que seria amar uma pessoa? Lembrei da minha juventude, quando colecionava figurinhas, havia algumas figurinhas que falavam o que era o amor, muitas pessoas vão lembrar, começava assim: Amar é ...

Amar é ... aceitar o próximo de jeito que ele é.
Amar é ... querer vê-lo progredir e melhorar.
Amar é ... ajuda-lo sempre.
Amar é ... não esperar nada em troca.
Amar é ... servir.


Será que nós sabemos amar? A maioria de nós ainda deseja ser amada, somos todos seres carentes, que vêem no amor uma forma de se completarem. Mas amar é um sentimento completo em si, porque aquele que ama de verdade, possui dentro de si toda a infinidade da vida. O amor é o sentimento que nos impulsiona ao outro.

Como os seres humanos estão sempre evoluindo, o amor que é um sentimento destes seres também evolui, e o desenvolvimento do amor é fruto direto da evolução do Espírito que o pratica. A princípio o amor é instinto, sua manifestação é bruta, é a forma primitiva de amar, depois se torna um amor possessivo, o ser amado é uma propriedade, pode ser manipulado, coagido e controlado, esta fase é marcada pelo egoísmo. O amor torna-se então obsessivo, o ser amado é a razão de viver, é o sentido da vida, é o amor que acaba sufocando o ser amado. Surge então o amor dominador, aprisiona o ser amado , envolvendo-o no sentimento, não permite que tenha a sua própria identidade, é reconhecido pelo ciúme. Após estas etapas de aprendizado, o amor torna-se parceiro, compartilha com o ser amado, no cotidiano, a vivência do amor, mesmo quando estão em dificuldades, reconhecemos este amor pela compreensão, amizade, afeto e companheirismo. O amor torna-se então fraterno, é capar de dividir-se, de doar-se sem necessidade de reconhecimento ou gratidão. O mais sublime é o amor Divino, caracterizado pelo amor de Deus às criaturas, é a própria expressão da perfeição.

Deus criou todos os seres por amor e para amar.

Jesus veio nos ensinar o verdadeiro amor, aquele amor que transforma o outro, que é capaz de sair de si e comprometer-se com o progresso do outro.

Aprender a amar é a nossa finalidade. Mas amor é ação, não é apenas um sentimento que se nutre por alguém ou por alguma coisa. E como podemos aprender a amar? Só há uma forma de aprender a amar, é amando. Amamos quando nos doamos ou quando agimos em benefício do outro e com o outro.

Amar é uma aprendizagem. Não existe amor ou desamor à primeira vista, o que realmente existe é uma simpatia ou antipatia. Nós não sentimos amor simplesmente, nós vivenciamos amor. Como disse Ermance Dufaux: “Mesmo entre aqueles que a simpatia brota instantaneamente, Amor e convivência sadia serão obras do tempo no esforço diário do entendimento e do compartilhamento mútuo do desejo de manter essa simpatia do primeiro contato, amadurecendo-a com o progresso dos elos entre ambos”.

Bibliografia consultada


O Livro dos Espíritos, Allan Kardec
Laços de afeto, Ermance Dufaux
O Amor em Ação, Neíse Távora

Lei da Destruição

Se olharmos à nossa volta, poderemos perceber que tudo no universo está constantemente se destruindo e se construindo. Os Espíritos nos disseram que na natureza é necessário que tudo se destrua, para renascer e se regenerar, porque o que conhecemos como destruição, é na verdade transformação. Para que um animal se alimente e sobreviva é necessário que ele destrua outro ser vivo, seja um animal que ao pastar, destrói a grama, que agora lhe servirá de alimento, seja caçando outro animal. Este é um acontecimento útil, pois proporciona um equilíbrio natural entre os seres vivos.

Porém esta destruição não deve ultrapassar os limites das necessidades. Os animais não destroem mais do que o necessário, e o homem que possui o livre-arbítrio acaba abusando.
A natureza muitas vezes provoca a destruição através de flagelos como os terremotos, tsunames, secas, etc., ela o faz com o objetivo de fazer com que a humanidade progrida mais rapidamente.
Dizem os Espíritos: ”–Os flagelos são provas que proporcionam ao homem a ocasião de exercitar a inteligência, de mostrar a sua paciência e a sua resignação ante a vontade de Deus, ao mesmo tempo em que lhe permitem desenvolver os sentimentos de abnegação, de desinteresse próprio e de amor ao próximo, se ele não for dominado pelo egoísmo”. (LE 740)


Outra forma de destruição muito conhecida do homem é a guerra, que nos povos bárbaros era a demonstração do direito do mais forte, porém à medida que o homem vai progredindo, vai diminuindo a necessidade da guerra, pois o homem procura evitar as suas causas, mas se ela realmente surgir, o povo que estaria mais evoluído adicionaria mais humanidade à guerra, porque esta será necessária para que o povo alcance mais rapidamente a liberdade e o progresso.
Apesar de o assassinato ser um grande crime aos olhos de Deus, pois ao tirar a vida de uma pessoa, estará interrompendo uma vida de expiação, prova ou de missão, aqueles que os cometem na guerra, quando são forçados, não são tão culpados, porém serão responsáveis pelas crueldades que cometerem. A crueldade é o instinto de destruição no que ele tem de pior, pois ela jamais é necessária. Ela tem sempre como origem na natureza má da pessoa que a pratica.


Outra forma de assassinato conhecido e por muito tempo justificado por ser uma questão de honra é o duelo, vale lembrar que a morte num duelo pode ser considerada tanto um assassinato quanto um suicídio, pois o homem estará arriscando a sua vida pelo seu orgulho e pela sua vaidade. Há muito mais honra em se reconhecer culpado, quando erra e em perdoar, quando se tem razão.

Uma forma de assassinato, considerada legal por muito tempo é a pena de morte, já abolida em muitos países, pois o homem à medida que evolui compreende que existem outras formas de se preservar do perigo, e educar, sem matar.

Baseado no O Livro dos Espíritos de Allan Kardec.

sábado, 15 de março de 2008

O Filho do Orgulho

O melindre- filho do orgulho – propele a criatura a situar-se acima do bem de todos. É a vaidade que se contrapõe ao interesse geral.
.
Assim, quando o espírita se melindra, julga-se mais importante que o Espiritismo e pretende-se melhor que a própria tarefa libertadora em que se consola e esclarece.

.
O melindre gera a prevenção negativa, agravando problemas e acentuando dificuldades, ao invés de aboli-los. Essa alegria moral demonstra má vontade e transpira incoerência, estabelecendo moléstias obscuras nos tecidos sutis da alma.

.
Evitemos tal sensibilidade de porcelana, que não tem razão de ser.
Basta ligeira observação para encontrá-la a cada passo:

.
É o diretor que tem a sua proposição refugada e se sente desprestigiado, não mais comparecendo às assembléias.

.
O médium advertido construtivamente pelo condutor da sessão, quanto à própria educação mediúnica, e que se ressente, fugindo às reuniões.

.
O comentarista admoestado fraternalmente para abaixar o volume da voz e que se amua na inutilidade.

.
O colaborador do jornal que vê o artigo recusado pela redação e que se supõe menosprezado, encerrando atividades na imprensa.

.
A cooperadora da assistência social esquecida, na passagem de seu aniversário, e se mostra ferida, caindo na indiferença.

.
O servidor do templo que foi, certa vez, preterido na composição da mesa orientadora da ação espiritual e se desgosta por sentir-se infantilmente injuriado.

.
O doador de alguns donativos cujo nome foi omitido nas citações de agradecimento e surge magoado, esquivando-se à nova cooperação.

.
O pai relembrado pela professora das aulas de moral cristã, com respeito ao comportamento do filho, e que por isso se suscetibiliza, cortando o comparecimento da criança.

.
O jovem aconselhado pelo irmão amadurecido e que se descontenta, rebelando-se contra o aviso da experiência.

.
A pessoa que se sente desatendida ao procurar o companheiro de cuja cooperação necessita, nos horários em que esse mesmo companheiro, por sua vez, necessita de trabalhar a fim de prover a própria subsistência.

.
O amigo que não se viu satisfeito ante a conduta do colega, na instituição, e deserta, revoltado, englobando todos os demais em franca reprovação, incapaz de reconhecer que essa é a hora de auxílio mais amplo.

.
O espírita que se nega ao concurso fraterno somente prejudica a si mesmo.
Devemos perdoar e esquecer se quisermos colaborar e servir.

.
A rigor, sob as bênçãos da Doutrina Espírita, quem pode dizer que ajuda alguém? Somos sempre auxiliados.

.
Ninguém vai a um templo doutrinário para dar, primeiramente. Todos nós aí comparecemos para receber, antes de mais nada, sejam quais forem as circunstâncias.

.
Fujamos à condição de sensitivas humanas, convictos de que a honra reside na tranqüilidade da consciência, sustentada pelo dever cumprido.

.
Com a humildade não há o melindre que piora aquele que o sente, sem melhorar a ninguém.
Cabe-nos ouvir a consciência e segui-la, recordando que a suscetibilidade de alguém sempre surgirá no caminho, alguém que precisa de nossas preces, conquanto curtas ou aparentemente desnecessárias.

.
E para terminar, meu irmão, imagine se um dia Jesus se melindrasse com os nossos incessantes desacertos...

.
Cairbar Schutel / Chico Xavier
(Do livro: O Espírito da Verdade)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

OS TRÊS CRIVOS

Certa vez um homem esbaforido achegou-se a Sócrates e sussurrou-lhe aos ouvidos: - Escuta, na condição de teu amigo, tenho alguma coisa muito grave para dizer-te, em particular...
.
- Espera!... ajuntou o sábio prudente. Já passaste o que me vais dizer pelos três crivos?
.
- Três crivos? perguntou o visitante, espantado.
.
- Sim, meu caro amigo, três crivos. Observemos se tua confidência passou por eles. O primeiro, é o crivo da verdade. Guardas absoluta certeza, quanto aquilo que pretendes comunicar?
.
- Bem, ponderou o interlocutor, - assegurar mesmo, não posso... Mas ouvi dizer e... então...
.
-Exato. Decerto peneiraste o assunto pelo segundo crivo, o da bondade. Ainda que não seja real o que julga saber, será pelo menos bom o que me queres contar?
.
Hesitando, o homem replicou:
.
- Isso não... Muito pelo contrário...
.
- Ah! - tornou o sábio - então recorramos ao terceiro crivo, o da utilidade, e notemos o proveito do que tanto te aflige.
.
- Útil?!...- aduziu o visitante ainda agitado. - Útil não é...
.
- Bem - rematou o filósofo num sorriso, - se o que tens a confiar não é verdadeiro, nem bom, nem ao menos útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que nada valem casos sem edificação para nós...Aí está, meu amigo, a lição de Sócrates, em questões de maledicência...
.

Irmão X

Livro: Mensagens de Saúde Espiritual
Médium: Francisco Cândido Xavier

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Lei do Trabalho


O trabalho é uma necessidade do Homem, esta necessidade, porém não é fixa e imutável, pois à medida que a civilização humana progride, aumenta e modifica as necessidades e os prazeres do Homem, fazendo-o trabalhar mais.

O que seria Trabalho? Dentre as definições encontradas no Novo Dicionário Aurélio, trabalho é a aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar um determinado fim; é uma atividade coordenada, de caráter físico e/ou intelectual, necessária à realização de qualquer tarefa, serviço ou empreendimento. Estas definições corroboram o que dizem os Espíritos “Toda ocupação útil é trabalho.” Desta forma, tanto um empregado de uma indústria que se utiliza de sua força física, quanto um escritor que se utiliza de seu conhecimento intelectual, ou nosso anjo guardião que se utiliza da mente e do amor, realizam um trabalho.

Tudo na Natureza e no Universo é criado e conservado pelo trabalho dos seres que deles fazem parte. Por este motivo o trabalho é uma Lei Natural. O Homem expia e aperfeiçoa a sua inteligência, bem como satisfaz sua necessidades de alimentação, segurança e bem-estar através do trabalho.

Os animais também participam ativamente da conservação da Natureza, porém individualmente seu trabalho é limitado aos cuidados de sua conservação, eles são regidos principalmente pelos instintos de reprodução e preservação. O Homem além dos cuidados de sua conservação, trabalha para desenvolver-se moral e intelectualmente, progredindo de forma constante.

O Homem pode assegurar sua subsistência, porém deve-se manter útil, trabalhando de forma menos material, com o objetivo de desenvolver-se e auxiliar o outro, desta forma estará mais próximo das Leis de Deus.

O trabalho não deve ser realizado ininterruptamente, pois isto causaria um desgaste desnecessário ao corpo físico. O limite do trabalho será sempre o limite das forças do trabalhador. O repouso neste momento é parte importante da Lei do Trabalho, garantindo a reparação das forças e o fortalecimento do trabalhador.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Seja Feliz

Durante um seminário para casais, perguntaram à esposa: - Seu marido lhe faz feliz ? Ele lhe faz feliz de verdade ?

Neste momento, o marido levantou seu pescoço, demonstrando segurança. Ele sabia que sua esposa diria que sim, pois ela jamais havia reclamado de algo durante o casamento. Todavia, sua esposa respondeu com um 'Não', bem redondo...

'Não, não me faz feliz'
.
Neste momento, o marido já procurava a porta de saída mais próxima quando veio a conclusão da resposta.

- Ele não me faz feliz... Eu sou feliz. O fato de eu ser feliz ou não, não depende dele e sim de mim.
E continuou dizendo:
- Eu sou a única pessoa pela qual depende minha felicidade. Eu determino ser feliz em cada situação e em cada momento da minha vida, pois se minha felicidade dependesse de alguma pessoa, coisa ou circunstância, sobre a face da terra, eu estaria com sérios problemas.

Tudo o que existe nesta vida muda constantemente... O ser humano, as riquezas, meu corpo, o clima, meu chefe, os prazeres, etc. E assim poderia citar uma lista interminável. Às demais coisas eu chamo 'experiências'; esqueço-me das experiências passageiras e vivo as que são eternas : amar, perdoar, ajudar, compreender, aceitar, consolar. Lembro-me de viver de modo eterno.

Talvez seja por isso que quando alguém me faz perguntas como esta: 'Você é feliz no seu casamento?' ou 'Você é feliz?', gosto de responder com apenas uma frase, como se esta fosse a conclusão de todo o seminário, como se esta fosse a chave de toda a felicidade, de todo matrimônio e de toda vida humana; gosto de responder com aquela velha e famosa frase que ainda não conseguimos compreender:
.
'A felicidade está centrada em mim'.
.
Há pessoas que dizem: 'Hoje não posso ser feliz porque estou doente, porque não tenho dinheiro, porque faz muito calor, porque alguém me insultou, porque alguém deixou de me amar, porque alguém não soube me dar valor...'
.
*SEJA FELIZ* ,

mesmo que faça calor, mesmo que esteja doente, mesmo que não tenha dinheiro,mesmo que alguém tenha lhe machucado, mesmo que alguém não lhe ame ou não lhe dê o devido valor.
.
*SEJA FELIZ. *

sábado, 2 de fevereiro de 2008

O SEXTO SERMÃO - Carl G. Jung

O demônio da sexualidade insinua-se em nossa alma como uma serpente. Trata-se de uma alma semi-humana e chama-se pensamento-desejo.

O demônio da espiritualidade pousa em nossa alma como um pássaro branco. Trata-se de uma alma semi-humana e chama-se desejo-pensamento.

A serpente constitui uma alma telúrica, semidemoníaca, um espírito relacionado com o espírito dos mortos. Com o espírito dos mortos, a serpente penetra vários objetos terrenos. Ela também instila temor de si no coração dos homens e inflama-lhes o desejo. A serpente geralmente tem caráter feminino e busca a companhia dos mortos. Ela se associa aos mortos presos à terra que não encontraram o caminho pelo qual se passa ao estado de solidão. A serpente é uma prostituta que se consorcia com o demônio e maus espíritos; ela é um espírito tirano e atormentador, sempre tentando as pessoas a cultivar a pior espécie de companhia.

O pássaro branco representa a alma semicelestial do homem. Ele vive com a mãe, descendo ocasionalmente da morada materna. O pássaro é masculino e chama-se pensamento efetivo. Ele é casto e solitário, um mensageiro da mãe. Voa alto sobre a terra. Comanda a solidão. Traz mensagens de longe, daqueles que nos antecederam na partida, daqueles que alcançaram a perfeição. Leva nossas palavras até a mãe. A mãe intercede e adverte, mas não possui poderes contra os deuses. Ela é um veículo do sol.

A serpente desce às profundezas e, com sua astúcia, ao mesmo tempo paralisa e estimula o demônio fálico. Ela traz das profundezas os pensamentos mais ardilosos do demônio telúrico; pensamentos que rastejam por todas as passagens e tornam-se saturados de desejo. Embora não deseje sê-lo, ela nós é útil. A serpente escapa ao nosso alcance, nós a perseguimos, e assim ela nos mostra o caminho, o qual, com nossa limitada capacidade humana, não poderíamos encontrar.

-Os mortos ergueram o olhar com desprezo e disseram: - Cessa de falar-nos sobre deuses, demônios e almas. Sabemos de tudo isso em essência há muito tempo!

Do livro Sete Sermões aos Mortos de Carl G. Jung

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Mito Guarani da Criação

"A figura primária na maioria das lendas Guaranis da criação é Yamandú (ou Nhanderú ou Tupã), o deus Sol e realizador de toda a criação. Com a ajuda da deusa lua Arasy, Tupã desceu à Terra num lugar descrito como um monte na região do Aregúa, Paraguai, e deste local criou tudo sobre a face da Terra, incluindo o oceano, florestas e animais. Também as estrelas foram colocadas no céu nesse momento.

Tupã então criou a humanidade (de acordo com a maioria dos mitos Guaranis, eles foram, naturalmente, a primeira raça criada, com todas as outras civilizações nascidas deles) em uma cerimônia elaborada, formando estátuas de argila do homem e da mulher com uma mistura de vários elementos da natureza. Depois de soprar vida nas formas humanas, deixou-os com os espíritos do bem e do mal e partiu.

Primeiros Humanos

Os humanos originais criados por Tupã eram Rupave e Sypave, nomes que significam "Pai dos povos" e "Mãe dos povos", respectivamente. O par teve três filhos e um grande número de filhas. O primeiro dos filhos foi Tumé Arandú, considerado o mais sábio dos homens e o grande profeta do povo Guarani. O segundo filho foi Marangatú, um líder generoso e benevolente do seu povo, e pai de Kerana, a mãe dos sete montros legendários do mito Guarani (veja abaixo). Seu terceiro filho foi Japeusá, que foi, desde o nascimento, considerado um mentiroso, ladrão e trapaceiro, sempre fazendo tudo ao contrário para confundir as pessoas e tirar vantagem delas.

Ele eventualmente cometeu suicídio, afogando-se, mas foi ressucitado como um caranguejo, e desde então todos os caranguejos foram amaldiçoados para andar para trás como Japeusá.
Entre as filhas de Rupave e Sypave estava Porâsý, notável por sacrificar sua própria vida para livrar o mundo de um dos sete monstros legendários, diminuindo seu poder (e portanto o poder do mal como um todo).

Crê-se que vários dos primeiros humanos ascenderam em suas mortes e se tornaram entidades menores.

Os Sete Monstros Legendários

Kerana, a bela filha de Marangatú, foi capturada pela personificação ou espírito mau chamado Tau. Juntos eles tiveram sete filhos, que foram amaldiçoados pela grande deusa Arasy, e todos exceto um nasceram como monstros horríveis. Os sete são considerados figuras primárias na mitologia Guarani, e enquanto vários dos deuses menores ou até os humanos originais são esquecidos na tradição verbal de algumas áreas, estes sete são geralmente mantidos nas lendas. Alguns são acreditados até tempos modernos em áreas rurais. Os sete filhos de Tau e Kerana são, em ordem de nascimento:

Teju Jagua, deus ou espírito das cavernas e frutas
Mboi Tu'i, deus dos cursos de água e criaturas aquáticas
Moñai, deus dos campos abertos. Ele foi derrotado pelo sacrifício de Porâsý
Yacy Yateré, deus da sesta, único dos sete a não aparecer como monstro
Kurupi, deus da sexualidade e fertilidade
Ao Ao, deus dos montes e montanhas
Luison, deus da morte e tudo relacionado a ela "

Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Mitologia_guarani"

Völuspá: a origem e o final do mundo (Nórdica)

"A origem e o final eventual do mundo são descritas em Völuspá ("A profecia dos Völva" ou "A profecia de Sybil"), um dos poemas mais impressionantes no Edda poético. Estes versos assombrados contêm uma das mais vívidas criações em toda a história religiosa e representa a destruição do mundo, cuja originalidade está na sua atenção aos detalhes.

No Völuspá, Odin, deus principal do panteão dos nórdicos, conjura do espírito de um Völva morto (Shaman ou Sybil) e requer que este espírito revele o passado e o futuro. O espírito se mostra relutante: "O que você pede de mim? Porque você me tenta?"; mas como ela se encontra morta, não mostra nenhum medo de Odin, e continuamente o pergunta, de forma grosseira: "Bem, você quer saber mais?" Mas Odin insiste: se deve cumprir sua função como o rei dos deuses, deve possuir todo o conhecimento. Uma vez que o sybil revela os segredos de passado e de futuro, cai para trás em forma de limbo: "Eu dissiparei agora".

O Passado

No início havia somente o mundo das névoas, Niflheim e o mundo de fogo, Musphelhein, e entre eles havia o Ginungagap, "um grande vazio" no qual nada vivia. Em Ginnungagap, o fogo e a névoa se encontraram formando um enorme bloco de gelo. Como o fogo de Muspelheim era muito forte e eterno, o gelo foi derretendo até surgir a forma de um gigante primordial, Ymir, que dormiu durante muitas eras. O seu suor deu origem aos primeiros gigantes. E do gelo também surgiu uma vaca gigante, Audumbla, cujo o leite jorrava de suas tetas primordiais em forma de 4 grandes rios que alimentavam Ymir. A vaca lambeu o gelo e criou o primeiro deus, Buro, que foi pai de Borr, que por sua vez foi pai do primeiro Æsir, Odin, e seus irmãos, Vili e Ve. Então, os filhos de Borr, Odin, Vili e Ve, destroçaram o corpo de Ymir e, a partir deste, criaram o mundo. De seus ossos e dentes surgiram as rochas e as montanhas e de seu cérebro surgiram as nuvens.

Os deuses regularam a passagem dos dias e noites, assim como das estações. Os primeiros seres humanos eram Ask (carvalho) e Embla (olmo), que foram esculpidos em madeira e trazidos à vida pelos deuses Odin, Honir/Vili e Lodur/Ve. Sol era a deusa do sol, filha de Mundilfari e esposa de Glen. Todo dia, ela montava através do céu em sua carruagem puxada por dois cavalos nomeados Alsvid e Arvak. Esta passagem é conhecida como Alfrodul, que significa "glória dos elfos", que se tornou um kenning comum para o sol. Sol era perseguida durante o dia por Skoll, um lobo que queria devorá-la. Os eclipses solares significavam que Skoll quase a capturava. Na mitologia, era fato que Skoll eventualmente conseguia capturar Sol e a devorava; entretanto, a mesma era substituída por sua filha. O irmão de Sol, a lua, Mani, era perseguido por Hati, um outro lobo. Na mitologia nórdica, a terra era protegida do calor do sol por Svalin, que permanecia entre a terra e a estrela. Nas crenças nórdicas, o sol não fornecia luz, que emanava da juba de Alsvid e Arvak.

A Sybil descreve a enorme árvore que sustenta os nove mundos, Yggdrasil e as três Nornas (símbolos femininos da fé inexorável, conhecidas como Urðr (Urdar), Verðandi (Verdante) e Skuld, que indicam o passado, a atualidade e futuro), as quais tecem as linhas do destino. Descreve também a guerra inicial entre o Æsir e o Vanir e o assassinato de Balder. Então, o espírito gira sua atenção ao futuro.

O Futuro

A visão antiga dos nórdicos sobre o futuro é notavelmente sombria e pálida. No final, as forças do caos serão superiores em número e força aos guardiões divinos e humanos da ordem. Loki e suas crianças monstruosas explodirão suas uniões; os mortos deixarão Niflheim para atacar a vida. Heimdall, guardião das divindades, convoncará os deuses com o soar de sua trombeta de chifre. Se seguirá uma batalha final entre ordem e caos(Ragnarök), que os deuses perderão, como é seu destino. Os deuses, cientes de sua sina, recolherão os guerreiros mais finos, o Einherjar, para lutar em seu lado quando este dia vier. No entanto, no final, seus poderes serão pequenos para impedir que o mundo caia no caos onde ele se emergiu, e os deuses e seu mundo serão destruídos. Odin será engolido por Fenrir, o lobo. Mesmo assim, ainda haverá alguns sobreviventes, humanos e divinos, que povoarão um mundo novo, para começar um novo ciclo. Ou assim Sybil nos diz; os estudiosos ainda se dividem na interpretação das últimas estrofes e deixam em dúvida se esta não foi uma adição atrasada ao mito por causa da influência cristã. Se a referência for anterior a cristianização, o mito do final dos tempos do Völuspá pode refletir uma tradição Indo-Européia que se deriva dos mitos do Zoroastrismo persa. O Zoroastrismo inspirou também os mitos de final de mundo do judaísmo e do cristianismo. "

Fonte: Wikipédia.com

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

A Criação – Segundo Popol Vuh, O Livro dos Maias.


“Este é o relato de como tudo estava suspenso, calmo e em silêncio; tudo imóvel, parado e toda extensão do céu estava vazia.
Este é o primeiro relato, a primeira narrativa. Não havia homens, animais, aves, peixes, caranguejos, árvores, pedras, grutas, ravinas, ervas nem florestas. Havia apenas o céu.
A superfície da terra ainda não tinha aparecido. Havia apenas o mar calmo e a grande extensão do céu.
Nada estava unido, nada fazia ruído, nada se movia ou tremia ou podia fazer barulho no céu.
Nada estava de pé. Apenas as águas calmas, o mar plácido, sozinho e tranqüilo. Nada existia.
Havia apenas imobilidade e silêncio na escuridão, na noite. Apenas o Criador, juntamente com os Antepassados, estavam na água rodeada de luz. Estavam escondidos sob plumas verdes e azuis, sendo, por isso, chamados de Gucumatz. Eram, por natureza, grandes sábios e grandes pensadores. O céu existia desta maneira e também o Coração do Céu, que é o nome de Deus, sendo assim que é chamado.
Depois surgiu o Verbo. Duas divindades, Tepeu e Gucumatz, juntaram-se na escuridão, na noite. Falaram sobre a vida e a luz, sobre o que deviam fazer para que houvesse luz e alvorada e sobre quem forneceria comida e sustento.
Então, enquanto meditavam, tornou-se claro que, quando a madrugada rompesse, o homem deveria aparecer. Depois, planearam a criação e o crescimento das árvores e dos bosques, o nascimento da vida e a criação do homem. Tudo isto foi preparado na escuridão e na noite.
Que assim seja feito! Que o vazio seja preenchido! Que a água recue e faça um vazio, que a terra apareça e se torne sólida. Que assim seja feito! Assim falaram. Que haja luz e que o dia amanheça no céu e na terra! Não haverá glória nem grandeza na nossa criação e formação até o ser humano ser feito, o homem ser criado. Assim falaram!
Então, a terra foi criada por eles. Na verdade, foi assim que criarão a terra. Terra! – disseram eles, e instantaneamente ela foi criada.
A criação foi como uma névoa, uma nuvem e uma nuvem de pó, quando as montanhas surgiram do mar e instantaneamente cresceram.
As montanhas e os vales foram apenas formados por milagre, apenas por arte mágica. Instantaneamente, juntaram-se os ciprestes e pinheiros à superfície da terra.
Primeiro, foi formada a terra, as montanhas e os vales; as correntes de água foram divididas, os riachos corriam livremente por entre as colinas e as águas foram separadas quando surgiram altas montanhas.
Depois, fizeram os pequenos animais selvagens, os guardiões dos bosques, os espíritos das montanhas: veados, aves, pumas, jaguares, serpentes, cobras, víboras, guardiões do mato.
E os Antepassados perguntaram: <>
Era o que diziam quando meditavam e falavam. Imediatamente, foram criados os veados e as aves e lhes foram dados lares. <> Foi assim que falaram.
Também destinaram lares para as aves grandes e pequenas. <> Tudo isto foi dito aos veados e aos pássaros. Fizeram imediatamente o seu dever e todos procuraram os seus lares e ninhos.
E tendo terminado a criação de todos os animais de quatro pernas e aves, o Criador e os Antepassados disseram-lhes: <> E assim foi dito aos veados, aves, pumas, jaguares e serpentes.

Os deuses viraram a sua atenção para a formação do homem. Fizeram algumas pequenas criaturas de madeira. Pareciam homens, falavam como homens e povoavam a superfície da terra.
Estas criaturas existiam e multiplicavam-se; tiveram filhos e filhas, mas não tinham almas, nem mentes e não se lembravam do seu Criador. Andavam, sem destino, sobre os quatro membros. Eram irreverentes e irritavam os deuses, que resolveram faze-los desaparecer.
Já não se lembravam de Hurukan – O Coração do Céu – e, por isso, perderam todos os favores. Isto era uma mera experiência, uma tentativa para criar o homem. Ao princípio, as criaturas falavam, mas os seus rostos não possuíam qualquer expressão. As sua mãos e pés não tinha força, não tinham sangue nem substância, humidade ou carne. As suas faces eram secas, os pés e mãos secos e a sua carne amarela.
Estes foram os primeiros homens que existiram em grande número sobre a face da terra.”

Texto tirado do livro “Guia Ilustrado Mitologia Latino-americana – Astecas, Maias, Incas e Amazônia. De Geraldine Carter.


domingo, 6 de janeiro de 2008

O Alimento Espiritual

O professor lutava na escola com um grande problema.
Os alunos começaram a ler muitas histórias de homens maus, de roubos e de crimes e passaram a viver em plena insubordinação.
Queriam imitar aventureiros e malfeitores e, em razão disso, na escola e em casa apresentavam péssimo comportamento.
Alguns pronunciavam palavrões, julgando-se bem-educados, e outros se entregavam a brinquedos de mau gosto, acreditando que assim mostravam superioridade e inteligência.
Esqueciam-se dos bons livros.
Zombavam dos bons conselhos.
O professor, em vista disso, certo dia reuniu todas as classes para a merenda costumeira, apresentando-se uma surpresa esquisita.
Os pratos estavam cheios de coisas impróprias, tais como pães envolvidos em lama, doces com batatas podres, pedaços de maçãs com tomates deteriorados e geléias misturadas com fel e pimenta.
Os meninos revoltados gritavam contra o que viam, mas o velho educador pediusilêncio e, tomando a palavra, disse-lhes:
- Meus filhos, se não podemos dispensar o alimento puro a benefício do corpo, precisamos também de alimento sadio para a nossa alma. O pão garante a nossa energia física, mas a leitura é a fonte de nossa vida espiritual. Os maus livros, as reportagens infelizes, as difamações e as aventuras criminosas representam substâncias apodrecidas que nós absorvemos,envenenando a vida mental e prejudicando-nos a conduta. Se gostamos das refeições saborosas que auxiliam a conservação de nossa saúde, procuremos também as páginas que cooperam na defesa de nossa harmonia interior, a fim de nunca fugirmos ao correto procedimento.
Com essa preleção, a hora da merenda foi encerrada.
Os alunos retiraram-se cabisbaixos.
E, pouco a pouco, a vida dos meninos foi sendo retificada, modificando-separa melhor.
* * *
Xavier, Francisco Cândido.
Da obra: Pai Nosso.Ditado pelo Espírito Meimei.
19a edição. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1999.

FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

Se procuras ensejo para realizar-te,
em matéria de paz e felicidade, age e serve sempre.

Emmanuel

FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO (ESE)