domingo, 25 de outubro de 2009

MARTE (Recebida em 1939)


Enquanto as empresas de turismo organizam na Terra os grandes cruzeiros intercontinentais, realizando um dos mais belos esforços de socialização do século XX, no mundo dos espíritos organizam-se caravanas de fraternidade, nos planos de intermúndio.

Na região do estômago, o previlégio pertence aos sujeitos felizes, bem fichados nos círculos bancários, mas, nos planos do coração, os livros do cheque são desnecessários

Novo Gullivwer da vida, mergulho a minha observação nos espetáculos assombrosos, experimentando, além das águas de Aqueronte(1), a mudança inegral de todas as perspectivas.

Encarcerado no ponto convencional de sua existência transitória, o homem terreste é aquela coruja incapaz de enfrentar a luz da montanha, em pleno dia, suportando apenas a sombra espessa e triste de sua noite. Como Ájax, filho de Oileu(2), contempla, às vezes, o tridente irado dos deuses, mas, embora a sua desesperação e seu orgulho, não vai além da ilha, onde a maré alta o atirou, nos caprichosos movimentos do oceano da Vida.

A Morte não é uma fonte miraculosa de virtude e de sabedoria. É, porém, uma asa luminosa de liberdade para os que pagaram os pesados tributos de dor e de esperança, nas esteiras do Tempo.

Enquanto os astrônomos europeus e americanos examinam, cuidadosamente, os seus telescópios, para a contemplação da paisagem de Marte, à distância de quase trinta e sete milhões de milhas, preparando as lentes poderosas de seus instrumentos de óptica, fomos felicitados com uma passagem gratuita ao nosso admiravel vizinho do Sistema Solar, cujo percurso, nas adjacências do orbe, vem empolgando igualmente os núcleos de seres invisíveis, localizados nas regiões mais próximas da Terra.

A descrição das viagens, desde o princípio deste século, é uma das modalidades mais interessantes da literatura mundial; todavia, o homem que vá do Rio de Janeiro a Tóquio, de avião, sem escalas de qualquer natureza, não poderá descrever o caminho, com os seus detalhes mais interessantes. Transmitirá aos seus leitores a emoção da imensidade, mas não conseguirá pintar uma nuvem. Fora de suas máquinas aéreas, poderia fornecer a impressão de uma águia, mas o turista do Espaço, para se fazer entendido pelos companheiros da carne teria de recorrer às figuras mais atrevidas do mundo mitológico.

É por isso que apelarei aqui para o véu de Ísis(3) ou para o dorso de Pégaso(4), cuja patada fez brotar a fonte de Hipocrene, no Hélicon das divindades.

Depois de alguns segundos, chegávamos ao termo de nosssa viagem veretiginosa.

Dentro da atmosfera marciana, experimentamos uma extraordinária sensação de leveza... Ao longe, divisei cidades fantásticas pela sua beleza inaudita, cujos edifícios, de algum modo, me recordavam a Torre Eiffel ou os mais ousados aranha-céus de Nova York. Máquinas possantes, como se fôssem sustidas por novos elementos semelhantes ao "Hélium", balouçavam-se, ao pé das nuvens, apresentando um vasto sentido de estabilidade e de harmonia, entre as forças aéreas.

Aos meus olhos, desenhavam-se panoramas que o meu Espírito imaginara apenas para os mundo ideais da mitologia grega, com os seus paraísos cariciosos.

Aturdido, interpelei o chefe da nossa caravana, que se condservava silencioso:

- "Se a Terra julga a influência de Marte como profundamente belicosa, como poderemos conciliar a definição dos astrólogos com os espetáculos que estamos presenciando?"

- "E porventura - respondeu-me o exelente mentor espiritual - chegaste a conhecer no planeta terreste um homem ou uma idéia, que retirasse a humanidade de sua rotina, sem sofrimento e sem guerra? Para o nosso mundo, Marte é um irmão mais velho e mais experimentado na vida. Sua atuação no campo magnético de nossas energias cósmicas visam a auxiliar os homens terrenos para que possam despir os seus envoltórios de separatividade e de egoísmo."

Mas, nesse instante, havíamos chegado a um belo cômoro atepetado de vedura florida.

Ante os meus olhos atônicos, rasgavam-se avenidas extensas e amplas, onde as consturções eram fundamente análogas às da Terra.

Tive então ensejo de contemplar os habitantes do nosso vizinho, cuja organização fisíca difere um tanto do arcabouço típico com que realizamos as nossas experiências terrestes. Notei, igualemente, que os homens de Marte não apresentam as expressões psicológicas de inquietação em que mergulham os nossos irmãos das grandes metrópoles terrenas. Uma aura de profunda tranquilidade os envolve.

É que, esclareceu o mentor que nos acompanhava, os marcianos já solucionaram os problemas do meio e já passaram pelas experimentações da vida animal, em suas fases mais grosseiras. Não conhecem os fenômenos da guerra e qualquer flagelo social seria, entre eles, um acontecimento inacreditável. Evolveram sem as expiações coletivas, amarguaradas e terríveis, com que são atormentados os povos insubmissos da Terra. As pátrias, ali, não recebem o tributo do sangue ou da morte de seus filhos, mas são departamentos econômicos e orgãos educativos, administrados por instituições justas e sábias.

Era tempo, contudo, de observarmos a cidade com as suas disposições interessantes.

O leitor não poderá dispensar o nome dessa cidade prodigiosa, e à falta de termos comparativos, chamemos-lhe Marciópolis.

Orientados pelo amigo que nos dirigia a singular excurção, atingimos extensa praça, onde se erguia um templo maravilhoso pela sua imponência, tocada de majestosa simplicidade, e onde, ao que fomos informados, se haviam runido todos os credos religiosos.

De uma de suas eminências, vimos o nosso Sol, bastante diferenciado, entornando na paisagem as tintas do crepúsculo.

A vegetação de Marte, educada em parques gigantescos, sofria grandes modificações, em comparação com a da tTerra. É de um colorido mais interessante e mais belo, apresentando uma expressão de tonalidade avermelhada em suas características gerais.

Na atmosfera, ao longe, vagavam nuvens imensas, levemente azuladas, que nos reclamaram a aatenção, explicando-nos o mentor da caravana fraterna que se tratava de espessas aglomerações de vapor dágua, criadas por máquinas poderosas da ciência marciana, a fim de que sejam supridas as deficiências do líquido nas regiões mais pobres e mais afastadas do largo sistema de canais, que ali coloca grandes ocianos polares em contínua comunicação, uns com os outros.

Tais providências, explica o Espírito superior e benevolente, destina-se a proteger a vida dos reinos mais fracos da natureza planetária, porque, em Marte, o problema da alimentação essencial, através das forças atmosféricas, já foi resolvido, sendo dispensável aos seus habitantes felizes a ingestão das víceras cadavéricas dos seus irmãos inferiores, como acontece na Terra, superlotada de frigoríficos e de matadouros.

Todavia, ao apagar das luzes diurnas, o grande templo de Marciópolis enchia-se de povo. Observei que a nossa presença espiritual não era percebida, daí podermos examinar a multidão, à vontade, em seus mínimos movimentos.

Todos os grandes centros deste planeta, esclareceu o nosso amigo e mentor espiritual, sentem-se incomodados pelas influências nocivas da Terra, o único orbe de aura infeliz, nas suas vizinhanças mais próximas, e, desde muitos anos, enviam mensagens ao globo terráqueo, através de ondas luminosas, as quais se confundem com os raios cósmicos, cuja presença, no mundo, é registrada pela generalidade dos aparelhos radiofônicos.

Ainda há pouco tempo, o Instituto de Tecnologia da Califórnia inaugurou um vasto período de experimentações, para averiguar a procedência dessas mensagens, misteriosas para o homem da Terra, antotasdas com mais violência pelos balões estratosféricos, conforme as demonstrações obridas pelo Dr. Robert Millikan, nas suas experiências científicas.

A palestra esclarecedora seguia o seu curso interessante, mas os movimentos na praça acentuavam-se, sobremaneira.

No horizonte, surgia uma grande estrela de luz avermelhada, enquanto os dois satélites marciáticos resplandeciam.
Todos os olhares fitavam o céu, ansiosamente.

Aquela estrela era a Terra.

Uma comissão de cientistas iniciou, da tribuna maior do santuário, uma vasta série de estudos sobre o nosso mundo distante. Aparelhos luminosos foram afixados, na praça pública, ao passo que presenciávamos a exibição de mapas quase irrepreensíveis dos nossos continentes e dos nossos mares. Teorias notáveis com respeito à situação espiritual do planeta terrestre foram expedidas, entendendo-se perfeitamente as idéias dois estudiosos que as expunham, através da linguagem universal do pensamento.

A Terra enviava-nos a sua claridade, em reflexos trêmulos e tristes. Observamos, então, que os marcianos haviam colocado em seu templo poderosos telescópios.

Enquanto os melhores aparelhos da América possuem um diâmetro de duzentas polegadas, com a possibilidade de aumentar a imagem de Marte doze mil vezes, a astronomia marciana pode contemplar e estudar a Terra, aumentando-lhe a imagem mais de cem mil vezes, chegando ao extremo de examinar as vibrações de ordem príquica, na sua atmosfera.

A nossa grande surpresa não parou aí, entre os mais avançados aspectos de evolução e de cultura.

Enquanto a luz avermelhada da Terra tocava a nossa visão espiritual, víamos que todas as multidões do templo se haviam aquietado, de leve... A Ciência unida à Fé apresentava um dos espetáculos mais belos para o nosso espírito.

Vimos, então, que ao influxo poderoso daquelas mentes irmanadas no mesmo nível evolutivo, pela sabedoria e pelo sentimento, formara-se sobre o santuário uma estrada liminosa, em cujos reflexos descera do Alto um mensageiro celeste.

Recebido com as intensas vobrações de júbilo divino e silencioso, a figura, quase angélica, começou a falar, depois de uma prece comovedora:

-"Irmãos, ainda é inútil toda a comunicação com a Terra rebelde e incompreensível! Debalde os astrônomos terrenos vos procuram ansiosos, nos abismos do Infinito!... Seus telescópios estão frios, suas máquinas, geladas. Faltam-lhes os ardores divinos da intuição sublime e pura, com as vibrações da fé que os levariam da ciência transitória à sabedoria imortal. Fatigados na impenitência que lhes caracteriza as atividades inquietas e angustiosas, os homens terrestes precisam de iluminação pelo amor, a fim de que afastem do círculo vicioso da destruição, na tecnocracia da guerra. Lá, os irmãos se devoram uns aos outros, com indiferença monstruosa! Os povos não se afirmam pelo trabalho ou pela cultura, mas pelas mais poderosas máquinas de morticínio e de arrasamento. Todos os progressos científicos são patrimônio do egoísmo utilitário ou elementos sinistros da ruína e da morte! Enquanto as árvores de Deus frondejam no caminho da Vida e do Tempo, cheias de frutos cariciosos, as criaturas terrenas consideram-se famintas de violência e de sangue. A ciência de seres como esses não poderia entender as vibrações mais elevadas do espírito! Os vícios de uma falsa cultura casam-se aos vícios das religiões convencionalistas, que estacionam em exterioridades nocivas ou se detêm nos fenômenos, sem cogitar das causas profundas, esquecendo-se o homem do templo divino do seu coração, onde as bençãos de Deus desejam florir e semear a vida eterna!... Tão singulares desequílibrios provocaram na personalidade terrestre um sentido bestial que lhe corrompe os mais preciosos centros de força e, sómente agora, cogitam as instituiçoes divinas da transição necessária, a fim de que a vida na Terra se efetive, com o sentido da verdadeira humanidade, ali conhecido tão sòmente na exposição teórica de alguns espíritos insulados!... Irmãos, contemplemos a Terra e peçamos ao Senhor do Universo que as modificações, precisas ao seu aperfeiçoamento, sejam menos dolorosas ao coração de suas coletividades! Oremos pelos nossos companheiros, iludidos nas expressões animais de uma vida inferior e em suas consciências, possibilitando as vibrações recíprocas de simpaatia e comunicação, entre os dois mundos!..."

A multidão ouvia-lhe a palavra, atenta e comovida, e nós lhe escutávamos a exortação profunda, como se foramos convocados , de longe, pela harmonia mágica da lira de Orfeu(5), quando o nosso mentor espiritual nos acorda, do êxtase, a nos ater levemente nos ombros, chamando-nos ao regresso.

Em todos os lugares, há os que mandam, e vivem os que obedecem. Na categoria dos últimos, voltamos às esferas espirituais da Terra, como o homem ignorante que fizesse um voo, sem escalas, atraés do mundo, confundido e deslumbrado, embora não lhe seja possível definir o mais leve traço de seu espantoso caminho.



1 - Aqueronte - Nome de um dos quatro rios do Inferno, por onde as almas passavam sem esperança de regressar, e de curso tão impetuoso que arrastava, qual se fôssem grãos de areia, grandes blocas de rochedos.


2 - Ájax - filho de Oileu, rei dos Lócrios(Grécia) - era um príncipe intrépido, mas brutal e cruel.

Equipou quarenta navios para a guerra de Tróia. Tomada esta, ele ultrajou uma profetisa de classe, que se refugiara no templo, motivo por que os deuses fizeram submergir sua esquadra.

Salvo do naufrágio, agarrou-se a um rochedo dizendo, com arrogância: Escapei, apesar da cólera dos deuses!

Irritados com seu desmesurado orgulho, os deuses o aniquilaram, ali mesmo.


3 - Ísis - Uma das principais divindades egípcias. Tendo reinado durante muito tempo, foi depois morta, elevada à categoria de deusa (a canonização dos tempos subsequentes), e em sua honra o culto celebravam-se ritos, chamados - Mistérios de Ísis. Na forma comum, é representada (à imagem das santas) sob a figura de uma jovem mulher, sentada, amamentando um dos filhos, Hórus, tendo sobre a testa duas pontas ou um globo lunar.


4 - Pégaso - Cavalo alado que tem destacados feitos na mitologia grega.Nele iam os poetas em visita ao monte da inspiração. Ainda hoje, em tropo literário se diz que, em busca de imagianção, os poetas cavalgam o Pégaso. Nesse monte, chamado Hélicon, Pégaso, com uma patada, fez surgir a fonte da água inspiradora, denominada Hipocrene, isto é - fonte do cavalo.

5- Orfeu - Músico magico da mitologia. Seus acordes encantavam, e atraíam as próprias feras. Tendo sua esposa Eurídice sido picada e morta por uma sepente, no dia nupcial, ele foi ao Inferno onde obteve, pela sedução de sua lira, que divindades dali lhe ressuscitassem a consorte, com a condição, porém, de não olh ar para trás, antes de deixar os limites do Inferno, cláusula que Orfeu infringiu. Essa lenda serviu de enredo à conhecida ópera de Gluck - Orfeu.

sábado, 10 de outubro de 2009

A ILUSÃO DO DISCÍPULO


Jesus havia chegado a Jerusalém sob uma chuva de flores.


De tarde, após a consagração popular, caminhava Tiago e Judas, lado a lado, por uma estrada antiga, marginada de oliveiras, que conduzia às casinhas alegres de Betânia.


Judas Iscariotes deixava transparecer no semblante íntima inquietação, enquanto no olhar sereno do filho de Zebedeu fulgurava luz suave e branda que consola o coração das almas crentes.


- Tiago - exclamou Judas, entre ansioso e atormentado - não achas que o Mestre é demasiado simples e bom para quebrar o jugo tirânico que pesa sobre Israel, abolindo a escravidão que oprime o povo eleito de Deus?


- Mas - replica o interpelado - poderias admitir no Mestre as disposições destruidoras de um guerreiro do mundo?
- Não tanto assim. Contudo, tenho a impressão de que o Messias não considera as oportunidades. Ainda hoje, tive a atenção reclamada por doutores da lei que me fizeram sentir a inutilidade das pregações evangélicas, sempre levadas a efeito entre as pessoas mais ignorantes e desclassificadas. Ora, as reivindicações do nosso povo exigem um condutor enérgico e altivo.


- Israel - retrucou o filho de Zebedeu, de olhar sereno - sempre teve orientadores revolucionários; o Messias, porém, vem efetuar a verdadeira revolução, edificando o seu reino sobre os corações e nas almas!...
Judas sorriu, algo irônico, e acrescentou:


-Mas poderemos esperar renovações, sem conseguirmos o interesse e a atenção dos homens poderosos?


- E quem haverá mais poderoso do que Deus, de quem o Mestre é o Enviado divino?


Em face dessa invocação, judas mordeu os lábios, mas prosseguiu:


- Não concordo com os princípios de inação e creio que o Evangelho somente poderá vencer com o amparo dos prepostos de César ou das autoridades administrativas de Jerusalém que nos governam o destino. Acompanhando o Mestre nas suas pregações em Cesaréia, em Sebaste, em Corazim e Betsaida, quando das suas ausências de Cafarnaum, jamais o vi interessado em conquistar a atenção dos homens mais altamente colocados na vida. É certo que de seus lábios divinos sempre brotaram a Verdade e o Amor, por toda a parte; mas só observei leprosos e cegos, pobres e ignorantes, abeirando-se de nossa fonte.


- Jesus, porém, já nos esclareceu - obtemperou Tiago com brandura - que o seu reino não é desse mundo.


Imprimindo aos olhos inquietos um fulgor estranho, o discípulo impaciente revidou com energia.


- Vimos hoje o povo de Jerusalém atapetar o caminho do Senhor com as palmas da sua admiração e do seu carinho; precisamos, todavia, impor a figura do Messias às autoridades da Corte Providencial e do Templo, de modo a aproveitarmos esse surto de simpatia. Notei que Jesus recebia as homenagens populares sem partilhar do entusiasmo febril de quantos o cercavam, razão por que necessitamos multiplicar esforços, em lugar dele, a fim de que a nossa posição de superioridade seja reconhecida em tempo oportuno.


- Recordo-me, entretanto, de que o Mestre nos asseverou, certa vez, que o maior na comunidade será aquele que se fizer o menor de todos.


- Não podemos levar em conta esses excessos de teoria. Interpelado que vou ser hoje por amigos influentes na política de Jerusalém, farei o possível por estabelecer acordos com os altos funcionários e homens de importância, para imprimirmos novo movimento às idéias do Messias.


- Judas! Judas!... - observou-lhe o irmão de apostolado, com doce veemência - lá o que fazes! Socorreres-te dos poderes transitórios do mundo, sem um motivo que justifique esse recurso, não será desrespeito à autoridade de Jesus? Não terá o mestre visão bastante para sondar e reconhecer os corações? O hábito dos sacerdotes e a toga dos dignitários romanos são roupages para a Terra... As idéias do Mestre são do Céu e seria sacrilégio misturarmos a sua pureza com as organizações viciadas do mundo!... Além de tudo, não podemos ser mais sábios, nem mais amorosos do que Jesus e ele sabe o melhor caminho e a melhor oportunidade para a conversão dos homens!... As conquistas do mundo são cheias de ciladas para o espírito e, entre elas, é possivel que nos transformemos em orgão de escândalo para a verdade que o Mestre representa.


Judas silenciou, aflito


No firmamento, os derradeiros raios de sol batiam nas nuvens distantes, enquanto os dois discípulos tomavam rumos diferentes.


...




Sem embargo das carinhosas exortações de Tiago, Judas Iscariotes passou a noite tomado de angustiosas inquietações.
Não seria melhor apressar o triunfo mundano do Cristianismo? Israel não esperava um messias que enfeixasse nas mãos todos os poderes? Valendo-se da doutrina do Mestre, poderia tomar para si as rédeas do movimento renovador, enquanto Jesus, na sua bondade e simpleza, ficaria entre todos, como um símbolo vivo da idéia nova.


Recordando suas primeiras conversações com as aoutoridades do Sinédrio, meditava na execução de seus sombrios desígnios.


A madrugada o encontrou decidido, na embriaguez de seus sonhos ilusórios.Entregaria o Mestre aos homens do poder, em troca de sua nomeação oficial para dirigir a atividade dos companheiros. Teria autoridade e privilégios políticos. Satisfaria suas ambições, aparentemente justas, com o fim de organizar a vitória cristã no seio de seu povo. Depois de atingir o alto cargo com que contava, libertaria Jesus e lhe dirigiria os dons espirituais, de modo a utilizá-los para a conversão de seus amigos e protetores prestigiosos...


O Mestre, a seu ver, era demasiadamente humilde e generoso para vencer sozinho, por entre a maldade e a violência.


Ao desabrochar a alvorada, o discípulo imprevidente demandou o centro da cidade e, após horas, era recebido pelo Sinédrio, onde lhe foram hipotecadas as mais relevantes promessas.


Apesar de satisfeito com a sua mesquinha gratificação e desvairado no seu espírito ambicioso, Judas amava o Messias e esperava ansiosamente o instante do triunfo para lhe dar a alegria da vitória cristã, através das manobras políticas do mundo.


O prêmio da vaidade, porém, esperava a sua desmedida ambição.


Humilhado e escarnecido, seu Mestre bem-amado foi conduzido à cruz da ignomínia, sob vilipêndios e flagelações.


Daqueles lábios, que haviam ensinado a Verdade e o bem, a simplicidade e o amor, não chegou a escapar-se uma queixa. Martirizado na sua estrada de angústias, o Messias só teve o máximo de perdão para seus algozes.


Observando os acontecimentos, que lhe contrariavam as mais íntimas suposições, Judas Iscariotes se dirigiu a Caifás, reclamando o comprimento de suas promessas. Os sacerdotes, porém, ouvindo-lhe as palavras tardias, sorriram com sarcasmo. Debalde recorreu as suas prestigiosas relações de amizade: teve de reconhecer a falibilidade das promessas humanas. Atormentado e aflito, buscou os companheiros de fé, porém, descobrir em cada olhar a mesma exprobração silenciosa e dolorida.




...




Já se havia escoado a hora sexta, em que o Mestre expirara na cruz, implorando perdão para seus verdugos.


De longe, Judas contemplava todas as cenas angustiosas e humilhantes do Calvário. Atroz remorso lhe pungia a consciência dilacerada. Lágrimas ardentes lhe rolavam dos olhos tristes e amortecidos. Malgrado a vaidade que o perdera, ele amava intensamente o Messias.


Em breves instantes, o céu da cidade impiedosa se cobriu de nuvens escuras e borrascosas. O mau discípulo, com um oceano de dor na consciência, peregrinou em derredor do casario maldito, acalentando o propósito de deserdar do mundo, numa suprema traição aos compromissos mais sagrados de sua vida.


Antes, porém, de executar seus planos tenebrosos, junto à figueira sinistra, ouvia a voz amargurada do seu tremendo remorso.


Relâmpagos terríveis rasgavam o firmamento; trovões violentos pareciam lançar sobre a Terra criminosa a maldição do Céu vilipendiado e esquecido.


Mas, sobre todas as vozes confusas da Natureza, o discípulo infeliz escutava a voz do Mestre, consoladora e inesquecível, penetrando-lhe os refolhos mais íntimos da alma:




-"Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir ao pai, senão por mim!...".








domingo, 4 de outubro de 2009

Me ajudem na minha pesquisa...

Olá amigos
 
Meu nome é Claudia e estou fazendo uma pesquisa sobre o medo e gostaria de convidar vocês para responderem a um formulário bem simples.
Não precisa de identificar, cadastrar, nada, apenas ser honesto e responder o formulário.
 
Você irá encontrá-lo no link abaixo.
http://www.krda.com.br/pesquisa/formulario.htm
 
Desde já agradeço a todos que quiserem participar
 
Uma abraço
Claudia

PERSONALISMO


O personalismo de caráter religioso é um dos entraves mais sérios à evolução do espírito. O Espiritismo não prega sectarismo de qualquer espécie. Não nos esqueçamos das palavras que o Senhor dirigiu aos apóstolos, quando se havia estabelecido discussão acerca de quem, entre eles, no Reino dos Céus se sentaria à sua direita e à sua esquerda: "Saibais que os príncipes das nações dominam seus vassalos e que os maiores exercitam sobre eles o seu poder. Não será assim entre vós; mas aquele que quiser ser o maior esse seja o vosso servidor..."

FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

Se procuras ensejo para realizar-te,
em matéria de paz e felicidade, age e serve sempre.

Emmanuel

FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO (ESE)