sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A CRIANÇA E O SEGREDO

Num bonde de Botafogo, Rio de Janeiro, conversam uma jovem senhora, mãe de uma menininha que a acompanha, e sua amiga.
As duas vão falando animadamente sobre assuntos diversos, e no meio delas, a criança se sente um tanto desnorteada.
Volta a cabeça de um lado para outro, ao mesmo tempo que sublinha cada frase com uma expressão de inteligência ou incompreensão.
Quando o assunto está em plena efervescência, a criança intervém com um aparte.
E daí em diante a conversa, passando de um lado para o outro, inevitavelmente pára, a uma objeção da pequena interlocutora.
A certa altura da conversa, a mamãe começa a ficar um tanto inquieta em relação às observações da menina.
Mais adiante, já aponta para a paisagem, a ver se ela se distrai. Mas a menina está muito interessada no assunto, e a amiga da mãe parece estar muito satisfeita com isso.
O bonde anda mais um pouco, enquanto a criança faz seu comentário pertinente.
Então, a mamãe sorri para a amiga, como quem diz: "Você sabe, é preciso calar a boca desta tagarela"...; e pondo a mão em concha no ouvido da menina, diz qualquer coisa para a amiga, acompanhada de um olhar muito confidencial.
Como é? - a menina não entendeu bem.
E torna a mãe a repetir o segredinho, enquanto a mão enluvada diz que não, com o indicador autoritário e irritado.
Como conclusão do armistício, um beijinho rápido e inesperado nos caracoizinhos dourados enrolados na testa.
A amiga sorri, a mamãe sorri, e a menina olha para uma e para outra, meio desconfiada e desapontada, sem dizer mais nada.
A criança pode ter uns cinco anos.
Quando tiver mais dez a mamãe um dia lhe perguntará, entristecida: Mas, minha filha, que segredo é esse que você me esconde?Já não se lembrará que ela mesma lhe ensinou a calar...
Que dividiu a vida em duas partes: uma que se pode, outra que não se pode mostrar.
E a menina, que antigamente assistia aos exemplos de casa, está praticando, agora, aqueles exemplos...
Quem nos traz tais preocupações com a educação infantil é a ilustre poetisa brasileira, Cecília Meireles, em uma de suas muitas crônicas sobre educação.
A autora é muito feliz em apontar um costume muito comum nas famílias, e que gera conseqüências desastrosas, em muitas ocasiões.
Por vezes, sem perceber, pais e educadores ensinam os filhos a calar, a esconder sentimentos e a mentir.
Seus exemplos ensinam sempre mais do que qualquer retórica inflamada.
As crianças fitam a conduta dos pais, e se inspiram nela, já que são sempre seu primeiro e maior referencial.
Precisamos redobrar o cuidado, e manter com os filhos, desde tenra idade, uma relação franca, sem segredos e sem mistérios.
Explicar sempre a razão dos não e dos sim, que serão freqüentes e naturais, faz-se condição indispensável para construir uma boa relação de respeito e amizade.
O caminho do porque sim e pronto, ou do porque não e chega, é mais cômodo para os educadores, porém, é perda de oportunidade de educar com profundidade.
Cultivar o diálogo aberto e franco sempre, é cultivar o amor em sua expressão mais bela e luminosa.

Equipe de Redação do Momento Espírita com base no cap. A criança e o segredo, do livro Crônicas de educação, de Cecília Meireles, ed. Nova fronteira.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Vítimas do Hábito



Texto da Equipe de Redação do Momento Espíritawww.momento.com.br


Existem pessoas que encontram muita dificuldade em fazer pequenas mudanças em seus hábitos.

Pessoas que têm suas coisas bem arrumadas e nos lugares certos, sempre na mesma posição e, de preferência, na mesma ordem.

Seguem sempre pelos mesmos caminhos, freqüentam os mesmos restaurantes e pedem os pratos já conhecidos.

Encontram sempre os mesmos amigos, torcedores do mesmo time, e conversam com os que trabalham em profissões semelhantes.

Geralmente ouvem a mesma rádio, assistem os mesmos canais de televisão, e variam pouco a programação.

De certa forma, isso as faz sentirem-se seguras. Arriscar não é do seu feitio.

Por outro lado, pessoas assim acabam sendo vítimas do hábito e têm grande dificuldade para resolver problemas. A menos que sejam problemas já conhecidos.

Isso gera ansiedade, depressão e baixa auto-estima quando precisam encontrar solução para situações inesperadas e sua criatividade é solicitada Ah, se esses adultos pudessem se ver quando tinham a desenvoltura dos seus 5 ou 6 anos de idade...

Era uma idade em que a criatividade brotava por todos os poros.

Não faltava solução para problema algum. Não havia perigo que não fosse afastado com um disparo de água, com seu revólver de brinquedo.

Não havia guerra que não pudesse ser vencida com algumas bolinhas de papel, arremessadas com um elástico esticado na ponta dos dedos.

Agora são executivos, homens e mulheres de negócio...

Pessoas que precisam mostrar seriedade.

Todavia, esquecem-se de que seriedade não quer dizer sisudez nem falta de um sorriso nos lábios.

Essas reflexões nos fazem lembrar um garoto de setenta e poucos anos, homem público, respeitável profissional reconhecido no mundo inteiro, que se diverte brincando com um bilboquê, ou andando de balanço.

Podemos até imaginar a felicidade dos seus netos ao ver o avô brincando como um garoto...
Esse homem é um ilustre professor, psiquiatra, educador e escritor brasileiro.

Ninguém imagina que um homem desses não seja um profissional sério só porque não assassinou o menino que corria pelos quintais, fazia piruetas e despencava dos galhos das árvores de vez em quando.

Não podemos crer que esse profissional seja menos competente só porque todas as vezes que se sente inseguro, chama o menino que habita seu ser, e este vem e lhe dá a mão.

Podemos imaginar justamente o contrário: uma grande capacidade de resolver conflitos e problemas.

Uma pessoa assim tem grande criatividade, leveza e satisfação em tudo o que faz.

Seus escritos exalam um suave perfume de jardim em flor. Suas idéias fluem com a suavidade da brisa das manhãs primaveris.

É de pessoas assim que o mundo precisa.

Homens e mulheres confiantes, alegres, honestos, descomplicados, leves...

* * *

A seriedade é uma característica do espírito. Um sorriso não a destrói. Um rosto fechado não a garante.

Pense nisso, e considere que a criança que habita em você pode lhe ajudar a encontrar a felicidade que há muito você vem procurando.

Não Abandone nem maltrate!!!!



A LÓGICA

Emmanuel

Quando o homem acende a luz da boa vontade no próprio coração, procura trabalhar incessantemente.

Quando trabalha, adquire conhecimento.

Quando conhece, amplia a visão espiritual.

Quando vê claramente, entra na posse da grande compreensão.

Quando compreende, aprende a sair de si próprio, abandonando a concha escura do egoísmo.

Quando abandona o antigo círculo da personalidade, encontra a alegria de ser útil.

Quando auxilia realmente, empreende em si mesmo a construção da verdadeira fraternidade.

Quando se sente o irmão do próximo e companheiro dos seus vizinhos, descobre no próprio coração o tesouro do amor.

Quando ama, sabe renunciar às antigas ilusões que o prendem às sombras.

Quando entra na posse da luz no santuário do sentimento, entrega-se ao sacrifício da própria existência, a favor de todos.

Abrir o coração e estender os braços, fraternalmente, para a vida e para a Natureza, servindo constantemente.

Esse é o nosso primeiro passo na aquisição do título de filhos da luz, segundo Jesus Cristo.

Do livro: Agenda Cristã - Psicografia: Francisco Cândido Xavier

FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

Se procuras ensejo para realizar-te,
em matéria de paz e felicidade, age e serve sempre.

Emmanuel

FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO (ESE)